sábado, 29 de dezembro de 2018

5 Livros de Grandes Mulheres Feministas de Sucesso (Fortes, Lindas e Marcantes)

Faça uma pausa no que estiver fazendo e pense em todos os livros que você já leu na vida.

Os seus favoritos.

Os que não saem da sua cabeceira.

Os que você quer reler e indicar para todos os seus amigos.

Os que fizeram muito sucesso nesse ano e não saíram da lista dos mais vendidos.

Agora, pense em quantos desses livros foram escritos por mulheres.

Se o número, por alguma sorte, foi grande, é provável que você seja uma mulher.

Afinal, mulheres escrevem sobre outras mulheres para serem lidas apenas por mulheres.

livros de grandes mulheres


A abrangência de público e de tema é prerrogativa dos escritores homens, certo?


Eles sim, escrevem pra todo mundo, sobre o que quiserem, sem levarem o rótulo de ‘literatura masculina’.

O que eles fazem é simplesmente…literatura.

Enquanto nós ficamos em estantes separadas, com a placa indicando ‘livros de mulherzinha’.

Não que exista algum problema com os romances ou livros açucarados.

Mas todos nós deveríamos estar autorizados a criar longe de rótulos e etiquetas, certo?

No entanto, não é assim que o mercado editorial enxerga a situação.

Para conseguirem atingir uma diversidade maior de público ou escreverem sobre outros temas que fogem do clássico romance, as autoras são encorajadas pelas editoras a usarem apenas as iniciais dos seus nomes nas capas dos livros.

Em pleno século 21, para não espantarem os garotos na hora da compra, as escritoras precisam fingir que são homens para serem levadas a sério. A própria J.K. Rowling que o diga.

E ainda sobre o século atual, em uma coletânea recente sobre os autores contemporâneos que merecem ser lidos, da editora Dublinense, em uma lista de 101 escritores selecionados, apenas 14 são mulheres.

Ao questionar a lista, a blogueira Juliana Cunha acabou disparando uma polêmica nas redes sociais e uma forte reação dos organizadores da seleção, que se defenderam dizendo que

“não se preocuparam com a questão de gênero na hora da escolha”. 

Se formos observar mais de perto e tentar contabilizar quantas mulheres negras estão inseridas dentro desse número pequeno, o problema só se agrava.

Recentemente, ao ganhar o tradicional Prêmio Jabuti, Marina Colasanti relembrou em seu discurso que, desde a sua criação em 2008, essa foi a primeira edição a premiar uma mulher na sua categoria principal.

Com o aumento do número de mulheres alfabetizadas, como explicar a resistência do mercado em abrir as portas para as autoras, fazendo com que elas sejam menos publicadas e, assim, menos lembradas nas premiações e coletâneas, e menos lidas pelo público?

Dentro desse panorama em escala mundial, a escritora e ilustradora inglesa Joanna Walsh criou casualmente marcadores de página (esses que você viu na ilustração do post) e utilizou a hashtag #readwomen2014 no Twitter, ao comunicar-se com amigos que decidiram conhecer mais obras de escritoras.

A partir daí, a campanha ganhou popularidade e espalhou-se pela rede, em forma de apelo e alerta para o público sobre o assunto de livros femininos.

E para não deixar a campanha passar batido, antes tarde do que nunca, a 21 preparou uma lista de escritoras para você descobrir e trazer para a sua cabeceira.

Afinal, quanto mais mulheres lidas, mais mulheres publicadas e mais mulheres contempladas ao redor do mundo.

Vamos começar?

1- Sarah Dessen

Uma das características mais marcantes da obra de Sarah é que a maioria de suas histórias se passam no mesmo local fictício:

  • a cidade de Lakeview ou a praia próxima, Colby, fazendo com que personagens de diferentes livros acabem por se conhecer ou se esbarrar.

Se você adora easter eggs, já pode começar a  surtar!

lém disso, depois de tantas histórias ambientadas nos mesmos locais, nós, leitores, criamos  uma sensação de identificação com o cenário.

Sabemos direitinho onde fica cada loja, cada bar, cada  restaurante e nos sentimos em casa por ali. Outro ponto forte da escrita de Dessen é que seus romances voltados para jovens adultos são mais profundos do que o esperado nesse tipo de literatura.

É  interessante notar como suas personagens femininas, além de bem construídas e intrigantes, enfrentam  problemas familiares e pessoais de uma maneira que eu só posso descrever como ‘reais’, mas sem  esquecer o senso de humor, a narrativa dinâmica e os personagens secundários inesquecíveis.

Quem gosta  de John Green e similares, tá perdendo tempo ao não ler Sarah Dessen.

Por onde começar?  Just Listen.

2- Chimamanda Ngozi Adichie

Se não habitou a superfície de Marte nesse ano, com certeza você já ouviu falar de Chimamanda.

Um trecho da sua palestra no TEDxEuston “Todos nós deveríamos ser feministas”, muito popular no Youtube, foi incorporado à música “Flawless”, de Beyoncé, o que ocasionou uma certa paixão espontânea do mundo todo pelas palavras e pela figura da escritora nigeriana, que já publicou três grandes romances.



Assim como nas suas  palestras, o tom calmo, espirituoso e irônico da autora também está presente nas suas histórias publicadas, que mostram mulheres empoderadas que emergem de uma cultura machista e desbravam outros países sem esquecer as tradições locais do seu país de origem (a Nigéria, na maior parte das vezes).

Por denunciar temas difíceis como racismo, xenofobia e machismo sem esquecer de envolver o leitor na trama e por ser uma das vozes mais enriquecedoras culturalmente, ler Chimamanda é uma experiência social indispensável. Além de muitíssimo divertida.

Por onde começar? Americanah.

3 – Marjane Satrapi

Depois de Persépolis, história de quadrinhos de sucesso que virou filme indicado ao Oscar, Marjane ficou famosa por denunciar a repressão social e política que viveu durante a Revolução Iraniana em Teerã.

Usando um tom confessional, simples e objetivo, a autora, que ficou conhecida como a primeira iraniana a escrever e desenhar HQs, tem um talento único para contar histórias pessoais que se entrecruzam com a história do seu país.

Tudo isso usando apenas preto, branco e sombra.



Mas o que pouca gente sabe é que existe Satrapi além de Persépolis. Bordados (2005) e Frango com Ameixas (2006) são obras que seguem a mesma linha característica da escritora:

  • fazer com que aqueles que viveram sob o julgo da repressão, da crueldade e do preconceito social e de gênero no Irã nunca sejam esquecidos, através do olhos curiosos, revoltados e bem-humorados de uma garotinha. 
Por onde começar? Bordados.

4-  Rainbow Rowell

Rainbow já merece ganhar sua atenção apenas por ter o melhor nome da lista inteira.

Mas logo em seguida, também recomendo que você pare uns minutos para ler seus livros e te desafio a não querer ler até a lista de supermercado dessa moça.

É que as suas personagens são jovens mulheres tão encantadoras quanto inadequadas.

Elas não são as líderes de torcida e nem as nerds com óculos esquisitos, porque não cabem em nenhuma ponta dos estereótipos de meninas na literatura juvenil.

Por isso mesmo, é fácil se identificar com a timidez de Cath ou com os dramas familiares de Eleanor.

As garotas que saem das pontas dos dedos de Rowell são estranhas, desconfortáveis na própria pele e no próprio mundo que as cerca, mas justamente por isso, são as mais interessantes.

E suas histórias são tão densas, que o romance quase sempre fica no plano de fundo.

Em Eleanor & Park, também existe outro fator louvável: a coragem de unir o que é realmente diferente.

Eleanor é uma menina gorda, Park é um garoto asiático, e os contrastes sociais entre os dois são justamente o que os aproxima.

Conheça mais sobre as obras de Rainbow no seu site, que é tão lindo, que nem dá vontade de sair.

Por onde começar? Eleanor & Park.

5- Paula Pimenta

Única brasileira da lista, Paula Pimenta é um fenômeno editorial recente que merece todos os louros que vem recebendo.

Com a sua série Fazendo meu filme (2008-2012), Paula conseguiu o que ninguém achava possível no nosso país: fazer dinheiro e sucesso com literatura para adolescentes.

E literatura feminina, que trata sobre histórias de ‘amorzinho’, como a Fani diria.

A mesma literatura execrada por quem elitiza a literatura ou barra a entrada de mulheres nesse meio mostrou que pode, e muito, ensinar crianças e adolescentes a amar a leitura de calhamaços de mais de 300 páginas.

 Com coragem e criatividade de sobra, Paula combinou o que mais gostava nas comédias românticas hollywoodianas com um certo charme, uma certa graça que é a cara do Brasil. Fani, Léo, Gabi, Alberto, Nathália e muitos outros são tão cativantes, emocionantes e engraçados que seria impossível que não conquistassem milhares de leitores com suas histórias.

E, mais uma vez, o romance, mesmo sendo mais importante aqui, não sai na frente da personalidade, dos sonhos e da trajetória dos personagens.

Ponto pra Paula, que não só continua a lançar novos projetos o tempo todo e a emplacar novas séries, como também publicou uma versão em quadrinhos e em inglês de Fazendo meu Filme.

Nada mais merecido para Fani que ganhar o mundo. Além disso, Paula ainda inspira milhares de novos escritores no nosso país, mostrando que o sonho é sim, possível.


Por onde começar?  Fazendo meu filme 1 – A estreia de Fani.

Tem mais autoras que fogem do clássico para indicar?

Use os comentários e faça suas sugestões.